Todo mundo sabe que, ao decidir praticar um esporte radical, a segurança vem em primeiro lugar. Afinal, desafiar o perigo pode trazer consequências indesejadas, principalmente se você não souber escolher os equipamentos de segurança adequados.
No meio Off Road temos pouquíssimos estudos no que se refere ao índice de acidentes e dados que apontem os padrões das lesões. Porém, a indústria e a própria expertise dos envolvidos no mundo Off Road acabam por desenvolver produtos para atender esta demanda existente. Independente de números e estatísticas, os praticantes querem voltar para casa prontos – e inteiros – para desenvolver suas atividades cotidianas, sem impedimentos por causa de alguma lesão.
Em um primeiro momento, os equipamentos dão a sensação de que será quase impossível pilotar confortavelmente. No entanto, após pouco tempo de prática, você já não mais notará esse incômodo, como se fizessem parte de você, assim como a moto. Vamos detalhar todos os itens, mas ressaltamos que como tudo na indústria, existem produtos para vender e produtos feitos realmente para proteger.
Usando a cabeça na hora de escolher o capacete
Não é preciso ser nenhum especialista para saber que o capacete é o item de segurança mais importante de todos. Mas é só ir a qualquer loja e comprar um capacete qualquer? Claro que não!
O capacete Off Road difere dos demais em muitos aspectos. Em uma escala de importância, eu classificaria a qualidade de segurança em primeiro lugar. Não se pode sair por aí comprando qualquer capacete, apenas porque o achou bonito ou está com o melhor preço. E hoje, naturalmente, a qualidade está associada ao segundo ponto mais importante: o peso do capacete. Cada vez mais os fabricantes estão conseguindo produzir peças incrivelmente leves com excelente qualidade e eficiência. É dispensável explicar porque o capacete deve proteger, mas o que muitos não sabem ou esquecem na hora de comprar, é que o peso dele poderá te livrar de dores no pescoço e até mesmo prevenir uma lesão. No Off Road, o movimento com a cabeça é constante e um dia inteiro de trilha ou algumas horas de treino em uma pista fará com que você sinta cada grama do seu capacete.
Raramente se usa capacete com viseira. Os modelos sem viseira são mais ventilados. É preciso ficar atento ao encaixe do óculos ao seu modelo. Aconselho que compre os dois juntos, se possível da mesma marca, pois os fabricantes já os desenvolve em pares, favorecendo o encaixe.
Dê preferência aos que usam fixação com o duplo “D” ao invés da catraca de fechamento e abertura rápidos. Por ser um esporte em que as quedas são constantes, os modelos que usam catraca podem abrir e lhe causar algum dano.
Para fechar, lembre-se de observar a possibilidade de higienização. Há capacetes que as partes internas são móveis e fáceis de serem lavadas! Ninguém gosta de ir para trilha ou pista com o capacete sujo, não é mesmo?!
Como citado acima, raramente usa-se o capacete com viseira. Mas praticar Off Road sem proteção para os olhos é impossível. Há grande variedade de modelos de óculos disponíveis no mercado.
O ideal é que ele tenha um encaixe perfeito ao capacete. Os modelos escuros ou espelhados são mais utilizados em pistas, onde não tenham sombras e raramente são iluminadas para prática noturna.
Já para as trilhas, os modelos mais usados são os transparentes, pois proporcionam uma boa visão mesmo em áreas de sombras ou em trilhas noturnas.
Assim como muitos equipamentos, os óculos devem ter uma boa ventilação para não embaçar, mas precisam vedar muito bem a passagem de poeira.
Colete é fundamental
Os coletes, ao contrário do que muitos pensam, não servem apenas para proteger das famosas “pedradas”, que saem com velocidade dos pneus de quem vai a frente.
Existem diversos modelos que atendem todos os gostos. Desde os mais completos que trazem cotoveleiras, proteção para os antebraços, cinta abdominal, além da proteção de coluna e tórax. Esses são mais indicados para os praticantes de trilhas, mas fazem parte daquela categoria: amado ou odiado. Justamente por ser um colete que tenta oferecer todos os acessórios para proteção, ele se torna mais quente. Os que amam alegam que se sentem mais protegidos e ganham tempo na hora de vestir os equipamentos.
Outro modelo muito utilizado são os coletes simples. Estes oferecem apenas a proteção do tórax, costas, ombros e clavículas. Mais ventilados e comumente usados por pilotos de motocross, podem parecer frágeis, mas são igualmente eficientes, protegendo o piloto de possíveis fraturas de costela e lesões na coluna. Os que optam por estes modelos acabam usando cotoveleiras e cinta abdominal, vendidos separadamente.
O colete deve proporcionar segurança e estar bem justo ao piloto, protegendo ao máximo as áreas de costelas e coluna. Existem modelos com suportes para Neck Brace, que falaremos a seguir!
Neck Brace ou colete Cervical
O Neck Brace nada mais é do que um colar cervical projetado especificamente para prática Off Road. Apesar de gerar muita discussão entre os praticantes do esporte ( há quem diga que o neck brace gera um “efeito colateral”: quebrar a clavícula em situações que não ocorreriam caso não o estivesse usando), ele é um excelente equipamento de segurança.
Os especialistas que o defendem dizem o contrário: sem a proteção neste caso, a cervical teria sido lesionada.
Um estudo realizado pela Great Lakes EMS, empresa que presta serviços de ambulância e socorro para eventos de esportes a motor, na sua maioria motocross, falou sobre a eficiência do Neck Brace.
Os dados deste estudo foram coletados de janeiro de 2009 a outubro de 2018, (quase 10 anos) e incluem 9430 pacientes no total, 8529 dos quais se enquadram nos critérios relativos ao uso (ou não) de colar cervical, juntamente com danos coluna cervical e / ou lesões da clavícula e / ou mortes registradas durante esse período.
Confira alguns dados da pesquisa:
1. Uma lesão crítica na coluna cervical é 89% mais provável sem o Neck Brace
Durante o estudo de 10 anos, houveram 239 casos registrados de lesões na coluna cervical em pilotos sem o colar cervical e 26 com colar cervical.
2. A morte é 69% mais provável (devido a lesão da coluna cervical) do que sem o colar cervical
Ao longo do estudo de 10 anos, houveram 4 casos registrados de morte causada por lesões na coluna cervical em pilotos sem o colar cervical e apenas 1 com colar cervical*.
* Deve-se notar que o paciente que sofreu a morte com o colar cervical tinha uma fusão completa da coluna cervical de uma lesão anterior, e recebeu uma força bruta (parte da moto) diretamente na parte de trás do pescoço.
3. Uma lesão não crítica da coluna cervical é 75% mais provável sem colar cervical
Ao longo do estudo de 10 anos, foram registrados 702 casos de lesões não-críticas na coluna cervical sem colar cervical e apenas 109 com colar cervical.
4. A fratura da clavícula (clavícula) é 45% mais provável sem o colar cervical
Durante o estudo de 10 anos, 443 registraram fraturas da clavícula sem colar cervical e 291 com colar cervical.
5. Lesões da coluna cervical sofridas sem o colar cervical são mais graves, requerem maior cuidado
Das 239 lesões da Coluna Cervical Crítica sem colar cervical, 100% (239) delas precisaram de internação hospitalar e transporte para hospital, contra apenas 73% e 42% de portadores de colar cervical, respectivamente.
Das 239 lesões da coluna cervical crítica sem colar cervical, 87% (207) receberam imobilização espinhal, onde a partir de 26 lesões da coluna cervical crítica com um colar cervical, 76% (22) foram imobilizados.
6. Uma lesão da coluna cervical de qualquer tipo é 82% mais provável sem um colar cervical
No decorrer do estudo de 10 anos, combinando todas as lesões críticas e não críticas da coluna cervical, foram registradas 945 lesões sem colar cervical (20% de 4726 pessoas) e 136 com colar cervical (3,5% de 3803 pessoas).
Após analisar esses números, podemos chegar à conclusão de que esse item é de extrema importância aos que praticam Off Road.
Botas e joelheiras
Dentre todos os itens de segurança, certamente as botas e joelheiras são os que possuem maior variedade de marcas e, consequentemente, qualidade.
A começar pelas botas, podemos destacar que estas são projetadas em cima de um paradoxo. Ao mesmo tempo que devem proteger os pés de torções graves, os fabricantes também tentam proporcionar o mínimo de flexibilidade possível. Outra preocupação é que o material da bota deve ser rígido o suficiente para proteger contra galhos e pedras, mas sem deixá-las com peso excessivo.
Ao comprar as botas, observe se o solado é específico para a prática que você deseja. Normalmente as botas de motocross tem solados mais “lisos” que as para prática de Hard Enduro ou trilhas de final de semana.
As botas de melhor qualidade permitem que o consumidor troque travas de ajustes que venham a quebrar, e é possível até a troca de solados inteiros.
As joelheiras são itens invisíveis àqueles que não conhecem o mundo Off Road. Existem dois modelos desse tipo de equipamento: as joelheiras simples e as articuladas.
O modelo simples protege apenas contra pancadas e são mais indicadas para crianças ou praticantes de nível muito iniciante, que ainda não andam em trilhas ou pistas.
Já o modelo articulado oferece muita segurança. Sobretudo, ele protege contra torções de joelho, algo extremamente comum, muitas vezes ao parar a moto.
As joelheiras articuladas nasceram na indústria ortopédica. Uma das primeiras fabricantes teve seu primeiro modelo produzido para atender o próprio dono, uma vez que ele se machucou em uma pista e resolveu desenvolver um produto que estabilizasse seu joelho e permitisse a prática. No entanto, apesar de ser um item obrigatório para muitos que sofreram lesões nos joelhos, as joelheiras articuladas deveriam ser obrigatórias também preventivamente.
Luvas, calça, camisa e hidratação
Por fim, chegamos nos itens que mais chamam atenção, e muitas vezes ganham importância em demasia. Com uma infinidade de cores, desenhos arrojados e modelos iguais aos dos pilotos consagrados, os conjuntos normalmente ganham uma atenção maior do que de fato deveriam, não que também não sejam importantes para sua proteção, mas o fato é que elas irão proporcionar segurança contra pequenos esbarrões e ralados.
A começar pelas camisas, devemos lembrar que elas devem se ajustar em equipamentos que vão por baixo, seja uma cotoveleira ou até coletes. É importante que sejam bem ventiladas e leves, porém resistentes. Afinal, ninguém quer ter sua camisa rasgada logo na primeira trilha.
As calças por sua vez costumam ser mais robustas, com proteções em espuma nas laterais e couro ou material sintético na altura dos joelhos, onde há maior contato com o banco da moto. As calças precisam ser provadas após a escolha da joelheira, para que tenha um ajuste perfeito e até mesmo ajudar na estabilização.
As luvas talvez sejam o item mais importante nesse conjunto, no que diz respeito à proteção. Todo mundo sabe que a primeira coisa que fazemos ao cair é levar a mão ao chão para nos proteger. Mas, além disso, a todo momento nossas mãos estão sendo bombardeadas por pedras e barros, no caso das pistas de motocross e nas trilhas sempre há o contato com galhos e arbustos. Por isso, na escolha das luvas, não basta escolher apenas aquela que te serve bem, mas é imprescindível que o material na palma da mão seja aderente, para que sua mão não escorregue na manopla, e resistente o suficiente para aguentar alguns esfregões no chão. Para as costas da mão, o ideal é que tenha proteções em borracha.
Para fechar o tópico, está um item que para muitos não se trata de um equipamento de segurança, mas acredito ser item obrigatório para todos os praticantes do Off Road: a bolsa de hidratação.
Em um dia normal de trilha o piloto tem uma atividade física parecida com a de um atleta de endurance. Sem a reposição de líquido adequada, o praticante pode sofrer com a desidratação e, em casos mais graves, precisar até de atendimento médico.
Entre as bolsas de hidratação, dê preferência àquelas que oferecem volume suficiente para sua prática e que ofereçam espaço para levar celular, comida ou suplementos, algumas ferramentas e também alguns itens de primeiros socorros.
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