O velocross, também conhecido no Brasil como Veloterra, é uma modalidade que entra dentro do universo dos esportes radicais a motor. Pilotos aceleram suas motos, competindo dentro de um circuito especialmente desenhado para a corrida sobre terra batida e as vezes muita lama.
As competições deste tipo de modalidade ocorrem em pistas fechadas, e dependendo da categoria a prova pode ter uma duração de 12 a 15 minutos com a adição de mais duas voltas. Ao término da duração do tempo da corrida, o diretor de prova responsável indica que faltam as duas voltas finais para a conclusão da disputa e para a bandeirada de encerramento.
As regras e a coordenação de competição do velocross no Brasil é regulada pela CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo) em conjunto com as federações regionais. A modalidade velocross vem ganhando muitos adeptos nos país, principalmente por dar a oportunidade e alternativa para apaixonados pela competição de motos off-road que não podem arcar com o alto investimento do Motocross – uma prática esportiva que inspirou o surgimento do velocross, mas que possui em seu circuito de competição obstáculos que desafiam a estrutura mecânica das motos e até mesmo o nível físico dos competidores.
A modalidade velocross vem ganhando prestígio
Esse parentesco com o motocross revela a popularidade e a adesão que o Velocross vem ganhando entre os amantes de trilhas e corridas em pistas de terra. Exigindo menos investimento, menos desafios técnicos e com qualquer tipo de moto (diferente das motos do motocross que precisam ter estrutura para realizar grandes saltos), os apaixonados e praticantes da modalidade podem utilizar motos nacionais ou até motos de rua adaptadas ao desafio das pistas de terra.
Mas é preciso reforçar, que como o Motocross, a corrida oferece seus riscos.
Proteção e segurança para quem gosta de acelerar
A modalidade velocross impõe alguns desafios em virtude da alta velocidade que os pilotos podem alcançar. Por isso protocolos e regulamentos obrigam pilotos a utilizarem equipamentos de proteção como: botas, capacete, luvas, colete protetor de tronco, calças e camisetas de mangas compridas, e outros itens característicos para este tipo de corrida. Certas provas são emocionantes pela quantidade de pilotos que lutam para dividir um pequeno espaço de terra em alta velocidade.
Um ‘esporte raiz’
A paixão pelo Velocross, ou Veloterra como é conhecido em muitas parte do Brasil, vem de berço e atravessa gerações. Famílias em muitas histórias incentivam os filhos na prática e acompanham a cultura em torno do esporte. Seu surgimento está ligado às “corridas de gaiola”, disputas informais praticadas por trilheiros apaixonados por Motocross, que em terra de chão batido aceleravam sem saber que estavam dando vida a uma nova modalidade.
“Eu aprendi a andar de moto nos meus 7 anos de idade, comecei a disputar provas regionais de velocross com 11 anos e minha família sempre me apoiou. Graças a eles participei de tantas competições”, afirma um dos jovens talentos do Velocross David Bieging, também conhecido como o Piá da Agrale. Uma entrevista da mãe do piloto, ao jornal do povo, ilustra bem a influência e a paixão da família pela modalidade:
“O coração vai a mil, a gente torce muito, a gente fica rouca, perde a voz? Mas estou muito feliz pela repercussão e agradecendo a Deus. Esse reconhecimento era uma coisa que a gente já estava esperando pois não é de hoje que estamos investindo no David por conta própria, sempre torcendo para que fosse descoberto”.
Como é o campeonato nacional?
O campeonato brasileiro organizado pela CBM (Confederação Brasileira de Motos) tem seis etapas com provas nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul. As categorias, ou classes de disputa são divididas pelas cilindradas das motos e pela idade dos pilotos. Atualmente o regulamento da CBM tem 16 categorias e algumas delas são específicas para separar pilotos que correm com motos importadas. A idade mínima para um jovem, menino ou menina, começar a disputar provas da confederação é 7 anos, e a idade limite é 55 para um adulto ter autorização para competição é 55 anos. Em cada classe são permitidos no máximo 30 competidores disputando uma corrida.
A participação em uma corrida premia com pontos os 20 melhores pilotos. Seguindo o resultado final, a pontuação do campeonato brasileiro funciona da seguinte forma:
1° Lugar – 25 pontos | 6° Lugar – 15 pontos | 11° Lugar – 10 pontos | 16º Lugar – 05 pontos |
2° Lugar – 22 pontos | 7° Lugar – 14 pontos | 12°Lugar – 09 pontos | 17º Lugar – 04 pontos |
3° Lugar – 20 pontos | 8° Lugar – 13 pontos | 13° Lugar – 08 pontos | 18º Lugar – 03 pontos |
4° Lugar – 18 pontos | 9° Lugar – 12 pontos | 14° Lugar – 07 pontos | 19º Lugar – 02 pontos |
5° Lugar – 16 pontos | 10° Lugar – 11 pontos | 15° Lugar – 06 pontos | 20º Lugar – 01 ponto |
Estes pontos são acumulativos e ao fim da temporada, e da disputada de todo o calendário da CBM, o piloto com maior quantidade de pontos será o campeão. Além disso, há premiação em dinheiro em todas as corridas para os cinco primeiros colocados.
As categorias que dão os melhores prêmios aos vencedores são:
- a VX1 Pro ( Motos importadas até 300cc 2T ou até 450cc 4T);
- a VX2 (Motos importadas até 150cc 2T ou até 250cc 4T ) que pagam R$ 1300 para o primeiro colocado.
“O conselho que dou para quem quer começar no Velocross é que tem que ter determinação. Não pode desistir. Independente da moto que tiver, seja de R$1000 ou de R$15.000, cada moto tem uma categoria. Bastante treino, não pode colocar a vida dos outros em risco. E nem mesmo a sua. O importante é terminar a prova independente da posição que você chegue”, afirma David Bieging
Uma modalidade que já movimenta a economia
O Velocross já se consolidou como um nicho esportivo com impacto econômico e até mesmo social na vida dos competidores e fãs que acompanham a modalidade. Para muitas famílias, a corrida de motos em pista de terra já se tornou seu sustento o que mostra o impacto dessa paixão para muitos brasileiros. O que começou como um hobby, ou um lazer, se transformou em atividades e empregos de mecânico, revenda de peças, desenvolvimento de itens e acessórios de segurança e desempenho, além de promover experientes competidores à responsabilidade de direção e organização de etapas que geram negócios na economia regional. Muitos praticantes de velocross acabaram abrindo oficiais e lojas de motos graças a paixão e o contato com outros fãs da modalidade.
A cultura em torno das corridas gera um sentimento de inserção dentro de uma comunidade apaixonada por motos e por diversas vertentes desse universo do off-road que vão do Motocross a trilhas de fim de semana.
Uma paixão que pede investimento
Apesar de ser um dos esportes mais acessíveis e populares para os amantes de corridas de motos off-road, a modalidade Velocross exige investimento em equipamento, manutenção, preparação física e logística para aqueles que pretendem levar a sério a agenda de competições. Apesar de motos nacionais terem seu espaço, as motocicletas importadas ainda oferecem um diferencial de qualidade para os pilotos que buscam um ponto extra de desempenho nas corridas:
“Já são 9 anos participando de corridas. E a respeito da Agrale, eu já tive vários tipos de moto. Sempre motos nesse nível da Agrale: DT, RT, CG…nunca tive condições de ter uma moto nova”, afirma David que apesar de hoje ser reconhecido pelos fãs da modalidade como o “piá da agrale” pelo incrível talento, é de uma família trabalhadora que sempre investiu e o incentivou nessa trajetória.
Para obter mais informações sobre o Velocross acompanhe o site da CBM para ficar por dentro da agenda de competições de uma das modalidades mais tradicionais e populares entre os apaixonados por corridas com motos off-road.
Christian Camilo