Balasso Motorsport

14 técnicas de pilotagem off-road que você precisa saber

Dário Júlio durante o Rally Piocerá de 2019. Foto: Idário Café/Mundo Press

Pilotar uma motocicleta no ambiente off-road é algo que requer habilidade e um considerável grau de preparo físico e técnico e para ajudar você a desenvolver-se neste universo incrível, nós preparamos esse conteúdo.

Diferentemente do asfalto, no off-road você estará o tempo todo duelando com a baixa aderência do piso e com os obstáculos que inevitavelmente aparecerão à sua frente, como pedras, troncos, cavas, erosões, raízes expostas, terrenos escorregadios, travessias de rios subidas e descidas íngremes, além de imprevistos que sempre testarão os seus reflexos e a sua perícia.

Assim, quanto mais dominar as técnicas de pilotagem do fora de estrada, mais preparado você estará para impedir que estes elementos estraguem a sua experiência.

Afinal, quanto mais à vontade você estiver sobre a sua motocicleta, mais você irá curtir a trilha e menos trabalho dará para os teus parceiros de aventura.

Entretanto, de nada valerá você conhecer as técnicas de pilotagem off-road se não as colocar em prática através de muito treino, afinal, é exatamente isso que fará com que cada uma seja internalizada em seu cérebro, fazendo então com que ele passe a responder de forma automática quando cada uma for necessária para superar os problemas.

1. Posicionamento

Foto: Janjão Santiago/MundoPress

Antes mesmo de montar na moto e sair acelerando, você precisa ter consciência da importância do posicionamento na pilotagem. 

Mas por que isso é tão importante?

Dentro de um carro que pesa cerca de uma tonelada, com quatro rodas assentadas sobre o chão, a influência do peso de um motorista de 80 kg sobre o seu comportamento em curvas é praticamente nula. 

No meio de uma curva, se você experimentar jogar o quadril para o lado estando sentado no banco isso não vai provocar nenhuma alteração na sua trajetória; nem precisa fazer um teste tão idiota assim para saber a resposta. 

Agora, estes mesmos 80 kg sobre uma moto de 100/120 kg já representam mais de 80% em relação ao peso da moto, sem contar que neste caso, você só tem duas rodas em contato com o piso. 

Ou seja, todo movimento ou tomada de posição que você realizar sobre ela durante a pilotagem irá influenciar demais seu comportamento e nas reações que ela vai apresentar.

Neste sentido, pés, pernas, quadris, ombros, braços, mãos, cabeça e até mesmo olhos terão uma influência significativa na maneira como a moto irá reagir a cada impulso que você der.

Embora a maioria dos pilotos mais experientes e também os profissionais recomende que pilote em pé, muitos pilotos acabam se virando muito bem andando sentados; não há uma regra absoluta: o que importa é como você se sente melhor sobre a moto e como lida melhor com as dificuldades.

Muitos acharão que em pé se viram melhor, enquanto que outros garantem que sentados é que estão “em casa”. 

Caberá a você encontrar a sua melhor posição, muito embora, pilotando em pé, a distribuição de massas sobre a moto ocorra de maneira mais harmoniosa, jogando seu peso para a parte mais baixa da moto, as pedaleiras, enquanto que sentado, seu peso acaba ficando assentado de forma mais alta e entre a parte de trás e o meio da moto.

Independentemente da posição escolhida, uma coisa é unânime: a posição dos pés sobre as pedaleiras. 

Eles precisam estar com o osso sesamóide (aquele que fica na sola do pé, localizado no início da curvatura e que parece uma “bolinha”) apoiado sobre elas e não com a parte do meio (muito embora isso vá ocorrer em razão da necessidade de movimentação sobre a moto).

Isso vai evitar com que seus pés fiquem apontando para baixo, protegendo-os contra impactos e até mesmo contra fraturas. 

Além disso, essa posição vai contribuir com as constantes trocas de direção que você precisará fazer, pois estando assim apoiados, eles facilitam a alternância de peso entre os dois lado da moto.

As pernas exercem um papel importantíssimo na condução de uma moto, principalmente no off-road.

Portanto, procure manter suas coxas sempre pressionando o tanque e o banco da moto: no começo isso pode parecer difícil, mas depois que isso se incorporar à sua pilotagem, você verá que seus braços raramente voltarão a travar.

Com isso, seu tronco e braços passarão a estar muito mais soltos para conduzir o guidão para onde você desejar, bem como, ampliando sua capacidade de frear e de responder mais rapidamente aos reflexos.

Você já deve ter escutado algo do tipo “para onde fixo meu olhar é para lá que vou”. 

Pois é exatamente assim que funciona na vida e no off-road não poderia ser diferente. Onde você focar o seu olhar é para onde sua motocicleta tenderá a ir. Portanto, olhe para onde você quer que ela vá e não para as encrencas.

Geralmente, pilotos iniciantes costumam focar o seu olhar somente nas dificuldades, concentrando atenção demasiada aos enroscos, deixando de concentrar o seu olhar para onde gostariam que a moto fosse. 

O ideal é que você se acostume a pilotar olhando sempre cerca de 10 a 20 metros adiante, pois assim você já antecipará o que virá pela frente, o que irá gerar reações mais antecipadas às eventualidades do caminho e também, condicionando tua mente e corpo a tomarem reações que visarão levar sua moto para onde você deseja. 

Neste sentido, a cabeça também tem o seu papel, já que os movimentos de inclinação e torção do pescoço vão contribuir para a deixar seu ângulo de visão sempre otimizado.

2. Alternância de peso em pé

Foto: Janjão Santiago/Mundo Press

Lembra o que falamos que a posição dos teus pés sobre as pedaleiras facilitará a troca de peso entre os lados da moto? 

Pois isso é muito importante para a busca do equilíbrio em trechos travados e também, em curvas.

Nos trechos travados, será esta compensação de peso entre os lados da motocicleta que fará com que ela mantenha-se equilibrada em trechos travados a baixa velocidade.

Você já viu um piloto de trial ou de hard enduro conduzindo sua moto nos enroscos? É exatamente assim que ele faz.

3. Alternância de peso sentado

Foto: Janjão Santiago/Mundo Press

Dentre as técnicas de pilotagem off-road, está a alternância de peso sentado.

Se você gosta mais de pilotar sentado, você terá de aprender a “rebolar” em cima da moto para buscar equilíbrio – e quem vai fazer isso para você será o seu quadril.

Para deixar a moto equilibrada nos momentos de encrenca, procure jogar o seu quadril de um lado para o outro, compensando os desequilíbrios provocados pelo terreno. 

Quanto mais solto você deixá-lo, mais eficiente será o resultado, uma vez que sentado, os pés têm muito pouca influência sobre a distribuição de peso sobre as pedaleiras.

4. Curvas sentado

Foto: Janjão Santiago/Mundo Press

Já em curvas, sejam de baixa ou de alta velocidade, a troca de peso entre os lados da moto vai contribuir para ampliar a aderência dos pneus ao solo, distribuindo de maneira mais homogênea as massas suspensas. 

Em uma curva para a esquerda, por exemplo, você irá compensar a inclinação da moto para o lado de dentro da curva, deslocando o peso do teu corpo para o lado de fora dela, buscando com isso, um vetor de equilíbrio que facilitará a manobra.

Isso se consegue esticando o braço que está segurando o guidão do lado de dentro da curva , enquanto dobra e eleva o cotovelo que está do lado de fora da curva, de modo a “puxar” a moto para o lado de fora. Isso você poderá fazer tanto em curvas de alta, como de baixa velocidade. 

Lembre-se que o teu quadril precisa também fazer a parte dele, deslocando-se um pouco para a parte de fora da curva, de modo a buscar mais equilíbrio; em algumas situações este deslocamento pode vir a ser tão amplo a ponto de fazer com que o meio da sua bunda fique em cima da quina do banco para compensar a inclinação. 

Além disso, procure “copiar” a curva com a perna do lado de dentro, de modo a servir como um apoio, caso a moto escorregue além da conta, pois ela vai escorregar!

5. Curvas em pé

Foto: Janjão Santiago/Mundo Press

Você certamente já viu os pilotos de rally ou enduro FIM saindo de uma curva mandando aquele baita contra-esterço. Veja o Dárin (Dário Júlio, piloto oficial Honda) nesta foto, todo style.

Mas como ele faz isso? 

Bem, existe um conjunto de comportamentos adotados neste momento para que a moto reaja desta maneira e execute a manobra, permitindo que a curva seja contornada da maneira mais rápida possível. 

Mas ninguém melhor que o próprio para explicar a técnica.

“Somente entro rápido em uma curva se enxergo totalmente seu raio. Já aconteceu de entrar numa curva, achando que desse para fazê-la rápido e do meio em diante, ela se fechar totalmente, obrigando-me, ou a passar reto, ou a derrubar a moto para que o guidão a parasse em contato com o chão.

Se você chegou na curva e consegue enxergá-la inteira, então, o segredo é fazê-la com o motor ‘cheio’, mas não com a rotação muito elevada, de modo que no acelerador e na embreagem, você controle a derrapagem.

É  a roda traseira que faz a curva, enquanto que a da frente apenas oferece a correção no contra-esterço, colocando a moto onde você quer que ela vá. Acho que nem é preciso dizer que aqui você deve estar em pé na motocicleta, com o tronco deslocado para a frente e pressionando as pedaleiras, já que precisará conferir pressão extra sobre o pneu dianteiro para aumentar a aderência.

Uma outra dica é pressionar de maneira um pouco mais forte a pedaleira do lado de dentro da curva para ajudar na derrapagem, mas lembrando que isso tudo é preciso fazer com suavidade, nada brusco, para evitar que a moto derrape mais que o necessário e você caia”, detalha o piloto.

6. Travessia de rio

Foto: Janjão Santiago/Mundo Press

É meu amigo, atravessar um rio pode ser uma experiência agradável ou não – e o que vai determinar se o final será feliz ou não será a tua atitude. 

Aqui a palavra de ordem é “prudência”, afinal, se você não conhecer o lugar onde você está andando e for afoito, pode acabar se metendo numa enrascada. 

Se você conhece a região por onde anda, certamente não vai precisar ler este tópico, portanto, pule para o próximo, mas caso contrário, veja o que ensina Dário Júlio.

“A travessia de rio vai depender sempre de alguns fatores que vão determinar o tipo de atitude que irei adotar. Se o rio for de águas transparentes e eu conseguir ver o fundo e perceber que não é profundo, sem problemas, eu faço a travessia em pé na motocicleta, com os dois pés nas pedaleiras. 

Se o rio for transparente, mas fundo, eu desço da moto e o atravesso ao lado da moto, pois só com a ausência do meu peso, ela já ganha aí uns dez centímetros a mais de altura para a caixa de ar. 

Agora, se o rio for escuro ou de água barrenta, de modo a não permitir fazer essa avaliação, eu prefiro parar, descer da moto e perder alguns segundos pesquisando a profundidade do rio do que me arriscar a entrar de uma vez com a moto e, depois, ficar parado sabe-se lá quanto tempo, tentando solucionar o problema. 

já aconteceu de eu ficar parado uma hora para retirar água do motor, então nessas condições, prefiro perder um pequeno tempo analisando, que um grande tempo arriscando. 

Acontece que muitas vezes, o cara que desenha uma prova conhece o rio local e sabe, por exemplo, que o lado direito é raso e o esquerdo, fundo, mas nem sempre ele coloca isso na planilha. Aí já viu. 

Esse ano mesmo, no primeiro dia do Piocerá, havia chovido muito na véspera e os rios estavam todos cheios no caminho para Barreirinhas (MA). Então, eu cheguei em um rio, vi que era fundo e esperei chegar o próximo piloto. 

Aí, cada um pegou de um lado da balança, seguramos no guidão e passamos a moto com a roda de trás suspensa e o motor desligado. Teve gente que foi tentar passar na raça e ficou pelo caminho, colocando a prova toda a perder”, revela.

7. Travessia de poça

Foto: Divulgação Brasil Moto Tour

Tá aí uma parada traiçoeira. Há muitos anos eu estava na Trilha das Águas em Cajamar (SP); um lugar que recebe este nome por ficar em uma área de várzea que mesmo nos períodos de seca, sempre tinha alguns alagados.

Era verão e, portanto, época de chuvas, e as poças estavam enormes. Eu seguia contornando todas as peças pelas suas margens (como sempre deve ser feito) mas numa determinada poça, havia apenas um trilho elevado pela lateral esquerda que dava para passar. 

Quando coloquei a roda da frente nele, ela escorregou e caiu dentro da poça, arrastando a traseira para dentro também. 

O problema é que os jipes que haviam passado por ali tinham escavado muito as poças e esta tinha ficado tão profunda que engoliu minha moto até a altura do assento e como seu fundo estava amolecido, só consegui retirá-la rebocando minha moto com a ajuda de outra, pois as rodas adesivaram na lama.

Portanto, seja muito prudente com as poças e não se meta a besta de lançar-se contra o meio delas, caso não as conheça muito bem.

8. Visão de túnel

Foto: Janjão Santiago/Mundo Press

Veja o que o Dárin fala sobre este tema:

“Este é um conceito que, quando aplicado conscientemente à pilotagem, faz você perceber o quanto é válido, oferecendo um grande upgrade à sua tocada. A chamada ‘visão de túnel’ pode ser descrita, em termos simples, como ‘para onde você olhar, sua moto vai’. 

Experimente fazer isso. Quando estiver passando por um obstáculo, se dirigir seu olhar para ele, tenha certeza de que sua moto vai exatamente para lá. Portanto, concentre seu olhar para onde você quer ir, para onde você quer atingir, e não se deixe impressionar por aquela eventual dificuldade. Isso, inclusive, é uma lição que vale para a nossa vida: concentre-se no que você quer atingir e não naquilo que não quer. 

Esta técnica da ‘visão de túnel’ faz com que teu cérebro elimine tudo o mais que esteja fora de tua meta e canalize recursos mecânicos e funcionais para que todos os esforços estejam concentrados para o alcance daquele objetivo. 

Muito útil para qualquer situação, a ‘visão de túnel’ é muito utilizada nas curvas de alta e também na superação de enroscos; eu mesmo tenho treinado muito este conceito ao longo do Rally dos Sertões, principalmente nas curvas de alta”.

9. Pedras

Foto: Red Bull Content Pool

Tem gente que borra as calças e faz biquinho quando sabe que os amigos dizem que naquele dia vão encarar aquela trilha cheia de pedras, mas calma, que é possível aprender a domar este dragão. 

Fácil? Claro que não, mas empregando as dicas do Dárin, com o tempo você pelo menos vai deixar de ficar com medinho na hora de encarar a pedreira e de repente pode até se tornar um expert na arte de andar sobre elas.

“A primeira coisa a se treinar se você quer se tornar um expert em andar sobre pedras é o equilíbrio. Não sei se você sabe, mas o Tadeusz Blausuziak (piloto oficial KTM de hard enduro), que anda muito em pedras, é um ex-piloto de trial. Ou seja, o cara treinou muito, desenvolveu-se muito no que diz respeito a equilibrar-se sobre uma moto e hoje tem menos dificuldade que muitos pilotos nesta situação. 

Além disso, um outro segredo para você não sofrer muito em pedras é andar o mais rápido possível nessa condição. Se você estiver muito lento, você vai sentir muito mais dificuldade, pois a roda da frente vai sofrer com as irregularidades do terreno, será mandada de um lado para o outro, dificultando o controle. 

Agora, se você estiver um pouco mais rápido, terá de corrigir menos a moto, pois a roda da frente sofrerá menos interferências, mas claro que aqui uma boa suspensão também ajuda bastante. 

Procure sempre pilotar em pé, corrigindo as alterações de equilíbrio com as pernas e tronco”, sugere.

10. Pedras molhadas

Se você já se borra de andar sobre pedras secas, o que dizer então se no meio do rolê cair aquela chuva e não tiver outro caminho a não ser voltar por aquela trilha cheia de pedras? 

“Claro que pilotar em superfícies de pedra molhada é muito mais difícil, mas aqui continua valendo a máxima: ande rápido! Se você andar mais rápido vai desequilibrar menos, mas claro que você não vai andar tão rápido como no seco, mas deve procurar encontrar um ritmo que lhe possibilite ser ligeiro sobre as pedras, mas com uma certa margem de segurança. 

Uma outra dica que dou é pilotar com o motor um pouco mais solto, com o giro um pouco mais baixo, para que a roda de trás não patine tanto. Frear sobre uma superfície lisa é sempre um exercício de delicadeza. Se você perceber que as pedras sobre as quais está são muito lisas, evite tocar no freio da frente e use mais o freio traseiro e o freio motor. 

Para ampliar a pressão sobre a roda traseira, para maximizar o contato com o solo, posicione-se com os joelhos dobrados e com o tronco para trás, como um jóquei sobre o cavalo”. Sacou?

11. Descidas e subidas íngremes

Foto: Brasil Moto Tour

Esse toque que o Dário Júlio deu sobre a posição do jóquei vai ajudar muito na hora de encarar as descidas brabas, bem como, nos momentos de frear tua moto com força.

Posicionando-se desta maneira, você desloca o peso do teu corpo para trás, contribuindo para minimizar a compressão excessiva da suspa dianteira e com isso, deixando a frente da moto mais leve e obediente – sem contar que isso também reduz as chances de o pneu dianteiro escorregar e também, de a moto virar para frente.

Lembre-se que em descidas muito íngremes você deve usar da maneira mais equilibrada possível os dois freios da moto e se for o caso, desça com a moto desligada e com a primeira engatada, controlando na embreagem para evitar que a roda traseira escorregue, contribuindo assim com a frenagem.

Agora se a descida for muito animal, desça da moto, desligue o motor e use o freio dianteiro e a embreagem para realizar a descida. 

Não se meta a besta se você analisar que é perigoso: já vi gente se estabacando só porque não respeitou a inclinação.

Nas subidas, a parada é ao contrário: se você pilota sentado, sente-se o máximo que puder sobre o tanque, desloque o tronco para frente (como fazem os pilotos de motocross no momento da largada) e despeje potência, procurando consertar os desequilíbrios com o quadril.

Se vir que não vai rolar completar a subida, não se desespere: ou jogue a moto para o lado e caia para o outro, ou então, deixe-a tombar. 

Para descer novamente, procure deixar a moto perpendicular à trilha e vá embicando-a aos poucos para baixo, girando o guidão de um lado para o outro, até que ela naturalmente seja impelida pela gravidade para baixo. 

12. Empinada

Foto: Janjão Santiago/Mundo Press

Quanto mais controle você tiver sobre tua motocicleta, mais à vontade você estará na trilha e aprender a empinar é um dos recursos que mais vão demonstrar o quanto você e sua parceira são um só.

Empinar não é fácil; talvez seja uma das manobras que mais exigem perícia no motociclismo, já que para executá-la com precisão você precisará equilibrar a moto apenas na roda traseira e ter feeling para usar o freio traseiro, o acelerador e a embreagem – tudo ao mesmo tempo.

Entretanto, isto nada mais é que uma técnica como todas as demais: se você treiná-la, com o tempo estará dominando-a e executando-a sem nem pensar.

Para evitar virar para trás, comece com a seguinte rotina: mantenha o pé sobre a pedaleira do freio. 

Engate a primeira, acelere e solte a embreagem de forma mais vigorosa. Quando a frente for levantar, já acione o freio traseiro. A moto mal vai andar e você não irá cair.

Você terá de repetir isso à exaustão mas aos poucos, passará a perceber que está fazendo isso de maneira cada vez mais intuitiva e quando menos esperar, já vai estar mandando um grau cheio de estilo.

Mas por que empinar é importante na trilha?

Por que será este recurso que vai permitir com que você supere troncos e outros obstáculos altos com facilidade, sem falar que isso pode te livrar de levar um rola quando aparecer algum buraco ou mesmo, uma travessia de riacho ou poça onde não precise parar.

Veja o que diz o Dário Júlio sobre a técnica.

“A empinada é um recurso extremamente útil no enduro, uma vez que frequentemente você se depara com obstáculos que são mais facilmente transpostos erguendo a roda da frente. 

“Ando 100% do tempo com um dedo na embreagem e um dedo no manete de freio justamente para ter rapidez caso precise ‘queimar’ a embreagem ou frear repentinamente. 

Além disso, gosto de pilotar com o motor da moto sempre ‘cheio’; não esgoelado, para estar sempre dentro da faixa útil de potência e torque, para que tenha sempre fôlego do motor se precisar levantar a roda dianteira com facilidade. 

Mas para tanto, aqui o segredo é treinar e treinar e treinar. Não tem jeito, você só vai conseguir conhecer profundamente as respostas de sua moto, conhecendo como ela se comporta diante de cada estímulo ao qual é submetida. 

Por exemplo, eu não queimo a embreagem da CRF 450X da mesma maneira que faço com a CRF 250X, pois são motores de respostas bem diferentes. 

Outro ponto que deve ser treinado para empinar com segurança é o uso do freio traseiro, pois será ele que irá lhe dar a segurança necessária de que não irá virar para trás em nenhuma circunstância”, avisa.

13. Areia

Foto: Brasil Moto Tour

Brother, pilotar na areia é osso! Por ter apenas duas rodas e pneus estreitos, a moto fica extremamente instável nesta situação e quanto mais fofa a areia, pior será, mas empregando as técnicas corretas, você vai sofrer menos e passará até a curtir!

O segredo é aliviar ao máximo a frente da motocicleta. Se você gosta de andar sentado, o segredo aqui é jogar a bunda o máximo para trás; se você pilota em pé, a posição do jóquei vai ajudar muito. 

Mas independentemente de qual seja tua posição preferida, o negócio aqui é enrolar o cabo, pois quanto mais rápida (pero no mucho) a moto estiver, menos estável ela estará. 

No começo isso pode ser contra-intuitivo, mas à medida que você for acelerando, verá que isso de fato funciona.

E não fique tenso, tentando a todo custo corrigir a trajetória da moto: deixe-a ir para onde quiser. 

Pequenos desvios de trajetória são normais na areia e aqui, os joelhos pressionando o tanque e o banco vão ajudar muito a mantê-la na direção que deseja.

Um último conselho: esqueça o freio dianteiro quando precisar parar a moto. Se você usá-lo as chances de levar um baita rola serão muito maiores. 

Ao fechar o acelerador, a areia naturalmente já vai frear muito a moto e se precisar ainda de mais frenagem, use o traseiro, procurando manter peso na roda traseira.

“Eu gostaria de retirar os manetes de freio de todas as motos da Brasil Moto Tour, mas não faço isso porque seria um choque muito grande para os trilheiros que vêm andar aqui, mas esta é a recomendação número um que passamos para todos que vão encarar as areias aqui dos Lençóis Maranhenses: não toque no menete”, revela Dimas Mattos, ex-piloto de rally e diretor da ASW, que desenvolve passeios guiados por aquele trecho do nordeste brasileiro.

Se liga nesta dica que o Dárin nos traz, conseguida diretamente com David Casteu, um dos maiores nomes do rally mundial: “acelere mais nas curvas – para que a frente não se enterre – e não acelere tanto nas retas”. 

Claro que aqui ele estava se referindo a situações de competição como no Dakar ou Sertões, onde as motos alcançam os 170 km/h!

14. Chuva

Foto: Red Bull Content Pool

Moto é legal pra caramba, mas chuva e noite são duas situações que não combinam muito com ela. 

Se você pegar chuva no meio da trilha ou se for sair para uma debaixo d’água é bom se precaver para evitar apanhar muito, afinal, com o terreno mais liso, a aderência vai para o espaço e você terá de andar com muito mais cautela.

“Na chuva não tem jeito: você não vai conseguir ficar com os óculos e terá de baixar bem a calibragem dos pneus para encontrar maior tração. 

Dependendo da situação, eu até uso um pneu um pouco maior na chuva para poder andar com baixa calibragem. 

Como o piso fica muito escorregadio nessa situação, procuro usar as escoras (paredes) das curvas para não ter de frear muito, mas isso quando elas existem. 

Do contrário, é preciso fazer mais uso do freio motor para não ter de recorrer tanto aos freios e correr o risco de cair, pois se você começar a cair muito, seu moral vai baixando e você só vai se sentindo mais vulnerável. 

Na chuva é preciso antecipar ao máximo suas reações, por isso é bom treinar o exercício de olhar sempre muito à frente; rodar com o motor mais solto, sem tanta tração também vai ajudar a encontrar mais aderência. 

Se encontrar um atoleiro curto pela frente, procure levantar a roda da frente e passar – se houver algum problema no meio do atoleiro, você não o pegará com a roda da frente. 

Agora, se o atoleiro for grande, aí é o que chamo de loteria: escolha um lado e conte com a sorte”, encerra Dário Júlio.

Pilotar com segurança e de forma profissional é fundamental para aproveitar ao máximo a experiência e conseguir se superar diariamente em novos obstáculos.

Acreditamos que, com essas técnicas de pilotagem off-road, você conseguirá transformar sua performance e conseguirá enfrentar novos desafios.
E aí, curtiu? Quer começar a pilotar? Descubra quais são as melhores motos para trilha e como fazer uma boa escolha!

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