O trilheiro brasileiro é um privilegiado, afinal, com suas dimensões continentais e com um clima de temperaturas amenas o ano inteiro na maior parte de seu território, o nosso país oferece as condições ideais para quem quer andar de moto no fora de estrada.
Não à toa, é no Brasil que realiza-se o segundo maior rally cross country do mundo, o Sertões, que neste ano volta a fazer parte do calendário do Mundial da categoria para as motocicletas, com largada na cidade de São Paulo.
Mesmo para quem mora em uma grande cidade como Belo Horizonte (MG), basta rodar alguns quilômetros para fora da zona urbana para chegar a lugares incríveis e quando o trilheiro mora em uma cidade menor, tudo fica ainda mais fácil, já que para muitos, o quintal de casa é a porta de entrada para um paraíso de trilhas.
Com tamanha abundância, não é de se estranhar que alguns locais tenham se tornado referência quando o assunto é fazer trilha de moto e as possibilidades atendem a todos os tipos de preferências, oferecendo desde roteiros off road que podem ser realizados pelo próprio trilheiro, quanto a serviços que contemplam uma série de comodidades, desde pacotes aéreos, até guias, serviços de hotelaria e outros mimos, além, claro, de experiências para jamais serem esquecidas.
Para ajudar você a descobrir quais são os destinos que todo trilheiro deve conhecer, elaboramos este pequeno guia. Quando pensamos nele, não tivemos a pretensão de dar a última palavra sobre o assunto, mas sim, dar sugestões que podem – e devem – ser complementadas por outras que possam oferecer novas possibilidades de exploração ao trilheiro brasileiro.
Portanto, sinta-se à vontade para deixar a sua sugestão para ajudar a fazer deste um guia cada vez mais completo.
Mas por enquanto, esperamos que aprecie as dicas e que estas sejam uma inspiração, uma porta de entrada a destinos que certamente fazem a cabeça de todo apaixonado por rodar com sua moto por lugares incríveis deste nosso tão grande país.
Aproveite e se quiser também, escreva-nos falando sobre as suas experiências, caso já tenha andado em alguns dos lugares citados.
Boa leitura.
Sudeste
1. São Paulo – Cajamar
Ao lado do fiel amigo, Vô das Trilhas contempla o playground que ajudou a criar. Foto: André Ramos
Com o fim gradual das trilhas de Alphaville em função do avanço dos condomínios residenciais e industriais, os trilheiros da capital e da Grande São Paulo passaram a entrar nas trilhas já na cidade de Cajamar, localizada a 35 km do centro de São Paulo.
Hoje o lugar é considerado uma das mecas das trilhas no estado e um dos responsáveis por tornar a região um santuário de trilhas é um folclórico personagem da região: Claudir José Garcia, mais conhecido pelo apelido de “Vô das Trilhas”.
Vô das Trilhas é tão apaixonado pelo esporte e pela natureza que decidiu abandonar a cidade e ir morar literalmente no meio do mato, em uma casa que só foi possível de ser construída graças à ajuda dos amigos trilheiros que organizaram um trilhão solidário para arrecadar dinheiro para este fim.
Aos 60 anos de idade, este jovem senhor ainda tem muita energia para gastar, tanto que ele não apenas anda de moto pela região, como talvez seja o maior “abridor” de trilhas pela Serra do Japi.
Criador e Criatura: Vô das Trilhas apresenta o desafio criado em seu quintal. A placa de “risco de morte” não é à tôa. Foto: André Ramos
Cada uma que abre recebe um nome de batismo – um mais curioso que o outro: Túnel do Tempo, Bruxa Louca, Bunda da Bruxa, Tietê, Pica-Pau, Rabo do Tatu, Trilha dos Parça, Babilônia, Brutus, Cagão, Dinossauro, Joelho de Porco, Enfermeira, Mandioca, Exibidinho, Desafio do Pedrão, T, Tobogã, Poposuda, Jabuti, Corrente, das Garças, Desafio do Padre, Dinamite, Super Mole, Tiradentes, Desafio da Tripa, são algumas das trilhas que ele abriu na enxada, no facão ou simplesmente, enfiando a moto barranco abaixo e depois, desbastando a mata.
Uma das mais recentes foi o “Zigui” uma subida digna de estar presente em uma edição do Romaniacs ou do Hell’s Gate, que fica exatamente no quintal de sua casa.
Segundo seus cálculos, são mais de 300 km de trilhas desbravadas ou lapidadas por ele e sua velha Tornado nos últimos anos.
“Os dois melhores lugares para fazer trilha no Brasil: Canastra e Cajamar”, assegura Vô, que para conseguir manter suas despesas (ele não tem outro trabalho) atua como guia na região.
Infelizmente, por tratar-se de um serviço informal, muitos acabam abusando de sua boa fé e até ingenuidade e lhes dão calote ao final do dia, dizendo que gastaram o dinheiro com a gasolina ou com o almoço.
Portanto, se quiser conhecer o seu reino, entre em contato com ele, mas seja leal e digno e reconheça o seu serviço.
Vô das Trilhas
(11) 9.7955-2821
2. São Paulo – Guararema
Jan Terwak celebra mais um rolê na região de Guararema. Foto: Divulgação Guararema Off-Road
Localizada a 60 km da capital paulista, Guararema tem se tornado um grande polo do motociclismo off-road brasileiro.
A fama começou em grande parte devido ao centro de treinamentos da ASW Racing, localizado na vizinha Mogi das Cruzes, que passou a atrair nos últimos anos uma leva de pilotos de motocross interessados em desfrutar de suas pistas.
Como o lugar dá acesso a uma série de trilhas, muitos trilheiros passaram também a usar a infra-estrutura local para guardarem seus veículos em segurança e como trilha é o que não falta na região, Guararema tem se tornado um procurado destino pelos trilheiros de São Paulo.
Entre as trilhas mais famosas da região estão as Da Marluce, Da Severa, Do Zé, Do Diego, Da Márcia, Márcia com TPM, Trilha do Bebê Chorão e a Trilha da Goiaba, mas há muitas outras opções.
Trilha é o que não falta em Guararema. Foto: Divulgação Guararema Off-Road
“Existe um universo de trilhas aqui na região do Alto Tietê!”, garante Jan Terwak, experiente piloto de motocross e jornalista especializado em motocicletas. Ao lado do pai, José Luiz Terwak, um ex-funcionário da Honda, ele toca a Guararema Off-Road, empresa que oferece serviços de guia pela região.
Os interessados que já tiverem suas motos podem levá-las e apenas contratar os serviços da empresa, mas caso a pessoa nunca tenha feito trilha ou então, já tenha alguma experiência mas esteja sem moto, a Guararema Off-Road oferece além da locação das motocicletas (Honda CRF 230F, Yamaha TTR 230 e Kawasaki KLX 140G), o fornecimento de equipamento de proteção completo.
“As trilhas tem duração de 2 Horas e acontecem em torno do bairro de Luís Carlos, principalmente na fazenda MS, um local com diversas trilhas, com diferentes níveis de dificuldade, do piloto amador – que nunca fez trilha – até trilhas mais técnicas, voltadas para trilheiros experientes”, explica Jan.
Guararema Off-Road
https://guararemaoffroad.com.br/
(11) 96458-1604
3. Minas Gerais – Belo Horizonte
Trilha do Tapete Branco, na região de Belo Horizonte. Foto: Léo Tavares
Nós já dedicamos um artigo inteirinho aqui no blog da BMS só para falar das trilhas que circundam a Grande Belo Horizonte, afinal, a cidade é conhecida como a “Capital Brasileira das Trilhas”, dada a quantidade de opções que oferece a quem anda de moto no fora de estrada, e se quiser saber tudo o que rola por lá, basta clicar aqui.
Mas se você é de fora da região, quer trilhar por lá mas não sabe por onde começar, a sugestão que deixamos é entrar em contato com o Gianino Coscareli.
O cara é um experiente piloto local, que tem entre suas credenciais, ter trabalhado no Red Bull Romaniacs de 2015, ter sido track manager do Minas Riders de 2017 e campeão da classe Bronze do Red Bull Romaniacs de 2018.
Gianino celebra a vitória na categoria Bronze no Red Bull Romaniacs de 2018. Foto: Red Bull Content Pool
Ele é dono da Fast Brothers, uma empresa que oferecer os serviços de guia para as trilhas locais. Quem está começando ou tem pouca habilidade, Gianino pega leve e conduz o trilheiro apenas por caminhos suaves e fáceis de serem transpostos.
Para os mais experientes e técnicos, ele oferece a possibilidade de conhecer as famosas trilhas por onde passou o Red Bull Minas Riders de 2017, que vão desafiar a perícia e o preparo físico de quem acredita estar preparado para encarar o inferno verde.
Fast Brothers
(31) 9.8466-7227
4. Minas Gerais – Serra da Canastra
Grupo de trilheiros celebra mais um passeio na Serra da Canastra, tendo ao fundo a famosa Casca D’Anta. Foto: Amauri Nikimba
Na última década a Serra da Canastra tornou-se uma espécie de santuário nacional de todo amante dos esportes outdoor e com isso, passou a atrair um número cada vez maior de aventureiros em busca de seus desafios, de suas paisagens e também de seus cânions recheados de água de tom esverdeado, resultado da represa hidrelétrica de Furnas.
Acontece que boa parte da região é um Parque Nacional, o que impede o tráfego de veículos fora das estradinhas que cortam a região e quem for flagrado descumprindo isso será enquadrado na lei de crime ambiental.
Portanto, existem duas opções de rolê pela região: com uma big trail, você poderá rodar pelas estradas vicinais que cruzam o Parque, mas se quiser fazer trilha mesmo, pegar enroscos e conhecer todos os encantos que fizeram a fama do lugar, isso só poderá ser feito dentro de alguma propriedade privada.
Para conseguir isso, o ideal e o mais recomendado é você contratar um guia da região, que já conhece não apenas os caminhos, mas também, os donos das fazendas e com isso, têm permissão para entrar.
Morador de São Roque de Minas, um dos principais destinos turísticos da Canastra, Amauri “Nikimba” Gaspar é uma dos mais experientes guias da região. Ele começou a percorrer as trilhas da Canastra nos Anos 90 e desde o início dos Anos 2000, desenvolve passeios tanto para motos big trail quanto para as off-road.
Os vales com suas trilhas recheadas de pedra são um paraíso para os trilheiros. Foto: Amauri Nikimba
Ele oferece pacotes que variam de dois a três dias de rolê pela região para os dois tipos de motocicletas, rodando de 170 a 200 km em cada dia.
Os principais destinos são o Vale da Babilônia, Vale da Gurita, Subida do Rolador, Serra Quebrada, entre outros, onde você conhecerá além de trilhas fantásticas, cachoeiras incríveis como a Casca D”Anta e vai se deparar com paisagens de tirar o fôlego, como o Paredão Canastra.
“Aqui a região é muito ampla e dependendo de onde o trilheiro se hospedar e com qual tipo de moto ele esteja, a gente prepara expedições para trechos específicos do Parque, sempre respeitando o grau de habilidade do piloto”, esclarece Nikimba, que também possui uma pousada em São Roque de Minas e também, oferece o imperdível passeio de barco pelos cânions.
Amauri Nikimba
(37) 9.9924-9538
Nordeste
5. Ceará – Jericoacoara
A diversão é garantida nas dunas cearenses. Foto: Divulgação Jeri Adventure Ride
Localizada a 300 km de Fortaleza, Jericoacoara começou a ser descoberta nos Anos 70; aos poucos, passou a atrair europeus e norte-americanos em busca de suas belezas tropicais, na forma de calor o ano todo, brisa constante que impede que você cozinhe, mar de águas calmas e quentes e dunas alucinantes, entre elas, a do Pôr do Sol, que continua sendo um dos cartões postais da região.
Um dos que passaram por lá nos primórdios de sua exploração turística foi o hoje famoso cozinheiro e motociclista Olivier Anquier, que durante alguns anos operou um restaurante francês no povoado.
Mas se você é trilheiro, então conseguirá conhecer este paraíso como nenhum outro turista, afinal, só de moto será possível chegar a lugares incríveis e curtir a adrenalina que as dunas intermináveis podem proporcionar.
Acontece que chegar lá de moto é complicado, já que as big trails sofrem na areia e levar uma moto de trilha para o local não é fácil, ainda mais se você é de fora de Fortaleza.
Até pouco tempo atrás, chegar a Jeri já era uma aventura: você descia do ônibus – ou deixava o seu carro estacionado – em Jijoca e pegava uma “jardineira” (um caminhão 4×4 equipado com carroceria de ônibus) que te levava até Jeri, após 35 minutos de muita areia e travessias de riachos.
Hoje há um aeroporto que acaba com isso, entretanto, você perde esta aventura inicial.
A solução para resolver este impasse é contratar os serviços da Jeri Adventure Ride, empresa que oferece a possibilidade de locação de motos e equipamentos de proteção, além do serviço de guia que o levará a percorrer os mais incríveis caminhos da região.
Quem está à frente das operações é o experiente piloto Jorge “Joca” Mattar, que depois de trabalhar como guia durante 8 anos anos na Brasil Moto Tour (empresa que opera nos Lençóis Maranhenses – vide abaixo), há quatro anos está tocando o seu próprio negócio.
Joca atua neste escritório há 12 anos. Olha a cara de triste e de estressado dele. Foto: Divulgação Jeri Adventure Ride
Os passeios costumam passar pelo entorno do Parque Nacional de Jericoacoara, uma vez que entrar nele é proibido por lei, visitando a Praia do Preá, Lagoa do Paraíso, Camocim, os povoados de Guriú e as famosas dunas de Tatajuba, entre tantos outros cartões postais locais.
E se você tem medo de pilotar na areia, o Joca já manda um recado para te tranquilizar: “aqui você não encontra aquelas canaletas fundas nas estradas, deixadas pelos 4×4, pois por onde passamos só rodam buggys, e o terreno não fica tão marcado.
Assim, o piloto não sofre tanto no caminho até às dunas, que são a parte mais divertida, e chega cheio de energia para curtir”.
No total o passeio contempla 5 dias, sendo o primeiro e o último destinados ao deslocamento até Jeri. No segundo dia são percorridos 120 km, no terceiro, mais 150 km e no quarto e último dia de rolê de moto, outros 120 km.
Os passeios acontecem entre junho e novembro e apenas 30 turmas são abertas, portanto, se quiser garantir a sua vaga em 2020, é bom se apressar.
Jeri Adventure Ride
11 99612-1331
6. Barreirinhas – Lençóis Maranhenses
Pilotar nas dunas dos Lençóis é como estar em uma montanha russa, mas com tudo sob o seu controle. Foto: André Ramos
Embora localize-se no Nordeste, o estado do Maranhão não conta com a mesma badalação e prestígio de vizinhos como Ceará, Bahia, Recife ou até mesmo Sergipe, mas a região dos Lençóis Maranhenses é sem dúvida, uma das mais lindas que este país abriga e é lá que está sediada a Brasil Moto Tour, empresa capitaneada pelo experiente piloto e empresário Dimas Mattos que oferece uma verdadeira imersão off-road.
É que lá é o único lugar onde você, em vez de ficar hospedado em um quarto de hotel, desfruta de toda a estrutura utilizada pelo próprio Dimas e seus pilotos em provas como o Rally dos Sertões, RN 1500, entre outras!
Os dormitórios são beliches montados dentro de dois caminhões adaptados com ar-condicionado, o refeitório fica em duas amplas tendas brancas, enquanto que apenas os banheiros são de alvenaria, similares a de campings.
Nos Lençóis, a sensação de estar no deserto é inevitável. Foto: André Ramos
Você se sente como um verdadeiro piloto de rally, já que além disso, você tem também o suporte de um mecânico, que revisa e lava sua moto após cada dia de rolê, além de funcionários que cozinham, arrumam a cama e lavam sua roupa: no dia seguinte, o equipamento está sequinho e cheirosinho, dentro de seu engradado, pronto para um novo dia de aventuras.
Assim como em Jericoacoara, aqui o pacote é de 5 dias, sendo três de pilotagem: no primeiro percorrem-se mais estradinhas de areia, tendo ao final do dia uma visita (de Toyota) a uma duna para contemplar o pôr do sol; no segundo é que você tem contato de fato com as dunas, enquanto que no terceiro, mesclam-se dunas e praia, tudo permeado a muita adrenalina, cruzamentos de rios e até mesmo um passeio de boia por uma corredeira mansa.
Os passeios do Brasil Moto tour acontecem somente entre setembro e dezembro e apenas 19 grupos são montados.
Como trata-se de uma operação muito famosa, as vagas costumam esgotar-se em tempo recorde assim que as inscrições são abertas no início do ano – quando estive lá, encerraram-se em duas horas –, portanto, se quer ir ainda este ano para lá, é bom se informar sobre a data exata em que abrirão as vagas.
Brasil Moto Tour
(11) 9.8182-5122
7. São Miguel do Gostoso
Um hotel de alto padrão é a base da Sekai Moto Expedition em São Miguel do Gostoso. Foto: Divulgação
Distante cerca de 100 km de Natal, São Miguel do Gostoso é um daqueles lugares que certamente estão na mira de todos os que encontram-se estressados e em busca de desconexão com a correria das cidades.
Suas praias praticamente desertas que sempre recebem a brisa suave do mar são um convite à contemplação e à introspecção, mas caso você se enjoe de ficar parado e queira fazer trilha, pode recorrer aos serviços da Sekai Moto Expedition.
Um dos fundadores da Jeri Adventure Ride, o experiente piloto de motos e quadris Ernesto Jun Watashi decidiu iniciar uma outra empresa, está na região de São Miguel do Gostoso.
A escolha do local se deveu ao fato de o piloto e empresário já ter passado por lá algumas vezes durante suas participações em provas como o Rally RN 1500 e ter notado seu potencial turístico não apenas para o turista convencional, mas também, para o piloto off-road.
“Lá unem-se duas coisas: a cidade que está em ênfase por ser muito charmosa e gostosa e pelo fato de ter bastante areia também, pois são poucos os lugares no Brasil onde você consegue montar expedições como as que vendemos”, explica.
Um dos locais visitados pelos roteiros da Sekai Moto Expedition. Foto: Divulgação
São 5 dias de viagem, onde andamos de moto entre o segundo e o quarto: no primeiro são entre 130 km e 140 km; o segundo é o mais longo, com 200 km, enquanto que no terceiro o roteiro off road tem entre 100 e 110 km, sempre atravessando trechos de areia, rios, intercalados com pausas para descansos, banhos e alimentação.
“Nosso objetivo é oferecer uma experiência focada não apenas nas motos, mas na hospedagem, hotelaria e gastronomia, tudo com ênfase premium”, destaca Ernesto Jun Watashi, que acrescenta que o objetivo futuro da empresa é oferecer outras opções de passeios em lugares diferentes.
Neste ano os passeios estão programados para acontecerem entre junho e a primeira semana de dezembro e os grupos contemplarão 17 vagas para pilotos de motos e 4 para de quadriciclo.
Sekai Moto Expedition
http://www.sekaimotoexpedition.com.br/
(11) 99590-3325
Norte
8. Tocantins/Jalapão
Motocicletas Kawasaki KLX 450 são utilizadas para conhecer os caminhos do Jalapão. Foto: Divulgação Expedição Jalapão
Reconhecida como o “Deserto Brasileiro”, a região do Jalapão ficou esquecida no mapa turístico brasileiro durante décadas e somente após a criação do estado do Tocantins em 1988 é que passou a receber mais atenção das agências de viagem.
No âmbito do off-road a região tornou-se uma das mecas dos praticantes devido ao fato de diversas edições do Rally dos Sertões ter passado por lá, inclusive, com especiais que se tornaram míticas, como a realizada em 2000, que teve 500 km de extensão cruzando sua aridez e belezas, mas que levou muita gente a botar a língua de fora.
Apesar de ter muita areia, o Parque Estadual do Jalapão está longe de ser um deserto em sua acepção literal. A região abriga inúmeros aparados, campos e rios, alguns dos quais formando lindas cachoeiras que são um oásis de beleza e refrescância para o calor sufocante que faz por lá.
Em função de sua aridez e isolamento (a densidade demográfica da região é em torno de 1 habitante/km2) o Jalapão é um outro paraíso para o trilheiro e já que é difícil chegar até lá carregando motos, o jeito mais fácil de trilhar por lá é contratando os serviços de uma operadora.
Uma das mais procuradas é a Expedição Jalapão, operada pelo pessoal da Bike Box, oficina paulistana que se tornou famosa por prestar serviços de preparação e apoio a equipes que competem no Brasileiro de Rally Cross Country.
Consegue imaginar o que é um mergulho nestas águas após vários quilômetros de calor e pilotagem? Foto: Divulgação Expedição Jalapão
Quem capitaneia o projeto é o experiente mecânico e empresário José “Avê” Koizumi, que depois de passar pela região várias vezes acompanhando seus pilotos no Rally dos Sertões, decidiu iniciar há oito anos o projeto de levar pilotos amadores e trilheiros para andarem por lá.
Contemplando a locação de motos, equipamentos de proteção e serviço de guias, as expedições acontecem entre os meses de maio e outubro e contempla três dias de pilotagem, além do primeiro e último dedicados aos deslocamentos entre Palmas e Ponte Alta, onde fica a base das operações.
No roteiro off road os pilotos percorrem as regiões de Mateiros, São Félix do Tocantins, Novo Acordo, Mateiros, desfrutando de paisagens maravilhosas e de experiências que só o Jalapão proporciona, ao longo de mais de 600 km de muita pilotagem.
“Neste ano a empresa preparou um novo roteiro off road, este em linha, ou seja, levando os pilotos a conhecerem a cada dia uma nova região e a viver uma verdadeira experiência como um piloto de rally”, explica Adam Koizumi, filho de Avê e um dos operadores do negócio.
Expedição Jalapão
(11) 3045-4080
Região Amazônica
9. Acre
Cruzar a BR 230-Rodovia Transamazônica é uma das opções de passeios oferecidos pela Tagino Adventure Tour. Foto: Divulgação
É impossível não se impressionar com este continente chamado Amazônia e por isso mesmo, a região, tão disputada e maltratada pelos homens, desperta tanto fascínio.
Por sua natureza selvagem, a região amazônica exerce uma grande atração sobre todos aqueles de espírito aventureiro, entretanto, em virtude das distâncias para se chegar até lá e da precariedade das estradas, seu potencial turístico sempre foi subaproveitado.
Para o amante do motociclismo off-road, cruzar a BR-230 (Transamazônica) sempre soou como um sonho distante, entretanto, há alguns anos isso passou a ser possível, uma vez que você não precisa mais ir de moto até lé ou mesmo, levar a sua moto na caçamba da picape.
É que há alguns anos a Tagino Adventure Tour passou a oferecer serviços de locação de motos e guia pela região, tanto para quem curte big trails quanto para quem quer algo puramente off-road.
Recentemente, a empresa fez uma aliança com a Honda e criou uma série de roteiros off road específicos para o programa Red Rider, destinado a proprietários do modelo CRF 1000L Africa Twin, mas que também oferece a possibilidade de locação da moto com a contratação do pacote de serviço de guia e hospedagens.
Os roteiros off road focados no Red Rider têm duração de 5 a 21 dias e os pacotes de viagem começam em fevereiro e vão até novembro. Além de destinos que cruzam a Amazônia, o motociclista big rider pode conhecer outros países da América do Sul, quase sempre partindo de Rio Branco (AC).
Viajar pela região andina também é um sonho de todo motociclista aventureiro. Foto: Divulgação
Deserto do Atacama, Cusco (com tour em Machu Picchu), Linhas de Nazca, Argentina (para assistir à etapa do Mundial de MotoGP), Manaus, as cachoeiras de Presidente Figueiredo (Amazonas), entre vários outros locais estão no foco das expedições.
Tagino Adventure Tour
www.taginoadventuretour.com.br
69 99265 8888
Sul
10. Gramado – Rio Grande do Sul
Percorrer a região dos cânions gaúchos é uma experiência imperdível para todo amante do trail. Foto: Marcos Lazaretti
A região das Serras Gaúchas é um outro cartão postal revelado pelas belezas que o nosso país abriga. Além do Natal Luz promovido pela cidade, Gramado também tornou-se famosa pelo Festival de Cinema que abriga, o que faz com que a cidade esteja há muitos anos no radar do turismo brasileiro.
Mas quem faz trilha sempre soube que a região é um verdadeiro paraíso para a prática do off-road. Lá é onde acontece uma das mais famosas provas de enduro de regularidade do país, o Enduro dos Pampas.
Realizada há 20 anos, a competição costuma fazer parte do calendário do Brasileiro da modalidade e graças ao amplo conhecimento da região, um de seus idealizadores, Marcos Lazaretti, passou a oferecer passeios pela região tanto àqueles que já participaram da prova e se encantaram pelo seu roteiro, quanto àqueles que querem descobrir as belezas e desafios que os caminhos reservam.
Na verdade, a ideia de oferecer o serviço de guia pela região surgiu a partir da sugestão de Dimas Mattos, que após conhecer as suas belezas, chegou a cogitar a possibilidade de desenvolver um braço do Brasil Moto Tour por lá.
Diante de sua desistência, sugeriu ao amigo Lazaretti que não deixasse de aproveitar o playground que tinha em mãos.
Não dá para saber onde é mais bonito: se do alto ou dentro dos cânions. Foto: Marcos Lazaretti
As expedições costumam percorrer a região conhecida como Aparados da Serra. Pontilhada de cânions profundos, vales, rios e fazendas, e oferecem visuais de beleza singular que retratam a vida bucólica dos pampas.
“Aqui é onde acaba a Mata Atlântica e começam os Campos de Cima da Serra, cobertos de mata sempre verde e com grandes rachaduras que formam os cânions. Andamos por cima destes cânions, podemos descer os túneis até o litoral, enfim, há muita trilha bonita por aqui”, garante.
“Eu costumo montar os roteiros de acordo com o objetivo do grupo: alguns são mais experientes e querem andar para treinar; outros, querem mais é curtir algo mais leve, então, as opções são para todos os níveis de pilotos, mas todos se divertem e aproveitam tudo que a região oferece”, garante Marcos Lazaretti.
Embora Lazaretti consiga motocicletas para serem alugadas, ele sugere que o interessado leve a sua própria moto e os seus equipamentos. “Dessa maneira o piloto não terá dificuldade para se acostumar com uma moto diferente da sua”. explica.
Lazaretti costuma realizar de quatro a cinco expedições por ano, para grupos com até dez pilotos, que percorrem as regiões de Gramado, Cambará e São Francisco, com roteiros off road que duram de dois a três dias.
Marcos Lazaretti – Pampas Off-Road
(51) 9.8512-1222 ou 9.8490-8024
Enfim, estas são apenas algumas sugestões e se você tiver alguma, por favor, não deixe de nos enviar, ok?
Enquanto isso, que tal aprender mais sobre as melhores práticas de pilotagem? Confira nosso artigo 14 técnicas de pilotagem off-road que você precisa saber.
André Ramos é formado pela UNESP de Bauru e atua como jornalista especializado em motos desde 2003. Fez assessoria de imprensa para a Federação Paulista de Motociclismo e passou pelas redações das revistas Dirt Action, Motoaction, Pró Moto, além de já ter desenvolvido trabalhos para Webmotors, Revista Riders, Moto Premium e para as marcas Rinaldi, Kawasaki e Polaris, entre outras